VOCÊ É OU ESTÁ VENDEDOR?
É muito comum vermos o profissional de vendas ser confundido com a pessoa que vende; são, no entanto, “coisas” muito distintas. Todas as pessoas que vendem e, entre elas, há algumas que são profissionais; ou seja, que vivem para vendas e não de vendas. Para que isso não fique confuso, vamos definir o que é um profissional. O dicionário nos diz: “profissional é a pessoa que faz uma coisa por ofício”. Somente por aí podemos distinguir o profissional de vendas da pessoa que vende. Lembramos um ex-ministro da Educação, podemos dizer: “o “profissional de vendas é, a pessoa que vende está”.
É corriqueiro encontrarmos pessoas vendendo porque não conseguem exercer outra atividade, e outros porque entendem que só vendendo obterão ganhos satisfatórios. Estas são as pessoas que confundimos com os profissionais de vendas.
Estas pessoas que procuram estar vendedores acabam depois, na prática, entendendo que para ser vendedor é preciso muito mais do que simplesmente o desejo de ganho ou a necessidade de Ter uma atividade.
O profissional de vendas faz de sua profissão o seu ofício, tem satisfação intrínseca pela que faz, busca aprimorar-se sempre, discute com outros profissionais o seu trabalho, auto- administra – se sempre com competência, não sendo dependente do seu chefe, convive com a euforia do pedido e com a frustração da não venda, não se conforma nunca com o fracasso, autodesenvolvolve-se, sabe que todos os dias precisa começar tudo de novo, pois o que fez até ontem já não conta mais, tem absoluta consciência de que a sua profissão contem um risco permanente que é vender ou não vender.
Se você não tem tendência e/ ou não está disposto a isto, não se iluda, porque as dificuldades serão grandes e a possibilidade de vir a ser um profissional não serão muitas.
Mas afinal, o que é preciso para que uma pessoa que vende se torne um profissional? Em primeiro lugar é preciso não esquecer nunca que o profissional de vendas faz–se a si mesmo. Ele não pode delegar esta tarefa para ninguém. A cada ato de venda realizou, ele tem de tirar proveito e, se possível, também o pedido.
A grande escola é a “rua”, o dia – a – dia: Cada e todas as entrevistas , cada e todos os clientes, cada e todas as situações. Tudo tem de ser aproveitado na busca do aperfeiçoamento constante. Este é um processo sem fim, e individual. Costumamos dizer em sala de aulas: “ensinamos sobre vendas, não ensinamos a vender” isto porque é a prática que traz o ensinamento e, principalmente, o aprimoramento.
Quantas pessoas vivem de vendas durante anos e nunca chegam a ser profissionais? Quantas são chamadas de veteranas e que, no entanto, não conseguem destaque, posições?
São muitas e aí se “vê” a diferença entre profissionais e praticantes. Há pessoas que praticam vendas já 10,15 ou 20 anos. No primeiro ano aprenderam, e nos restantes? Parece que não acrescentaram nada, ou muito pouco, ao que sabiam, quer dizer: estacionaram. Não procuraram ou não conseguiram desenvolver-se. Talvez tenha faltado estímulo, desafio, ambiente propício? Talvez.
E são exatamente estas pessoas que mais fazem exigências e que mais escolhem clientes, mercados etc. Fruto, tudo isto, da sua insegurança profissional. Você já teve oportunidade de tentar modificar o comportamento de um destes praticamente? Se teve, sabe qual é o grau de dificuldade.
O profissional de vendas, ao contrários, modifica seu desempenho, sua estratégica, sua postura, adaptando-se as novas realidades, ao momento, às circunstâncias, a cada cliente, enriquecendo – se profissionalmente de forma constante.
A motivação do profissional de vendas é o pedido, a motivação do praticante é o dinheiro que ganhou. O profissional de vendas quer sempre vender mais, independente do que já vendeu, o praticante quer sempre ganhar mais. O profissional de vendas quer prestar serviço, o praticante quer servir-se.
Por tudo isto é que afirmamos: há uma enorme diferença entre a pessoa que vende e o profissional. Se você pratica esta profissão verifique se faz dela um ofício, verifique se você é, ou se está vendedor.
ARTIGO DA FOLHA DE SÃO PAULO DE EDUARDO FERREIRA BOTELHO